Pré-prints: você já adotou essa prática de comunicação científica?
Embora o assunto e a prática de publicação de pré-prints - um manuscrito de artigo científico compartilhado publicamente em um servidor antes da submissão para uma revista com revisão por pares - tenham ganhado maior relevância há mais de uma década, muitos pesquisadores ainda desconhecem ou têm receio de adotá-la como uma forma de comunicação científica. O objetivo deste post não é discutir as vantagens de postar pré-prints (há muitas referências ótimas sobre o tema), mas compartilhar minha experiência.
Minhas principais motivações para postar pré-prints são: publicar os resultados de pesquisa de forma antecipada, logo antes da submissão para a revista científica, permitindo que os leitores acessem e avaliem o conteúdo gratuitamente; e, assim, superar os altos custos das taxas de acesso aberto, que não consigo arcar, já que publico normalmente no modelo “fechado”, conhecido como de assinatura (onde o leitor paga para ler). Meu primeiro pré-print do meu laboratório foi publicado no bioRxiv em dezembro de 2017. Desde então, tenho priorizado postar pré-prints de todos os artigos produzidos – salvo aqueles que são publicados em acesso aberto e que não demoram muito no processo de revisão.
Embora existam diversos repositórios generalistas ou temáticos, minha preferência é pelo servidor de pré-prints da Open Science Framework (OSF): https://osf.io/. Um diferencial, além de atribuição de um DOI e métricas de acesso, comuns em outros servidores, é que a plataforma permite conectar o pré-print diretamente aos conjuntos de dados depositados no próprio OSF , integrando assim os dois produtos que se autorelacionam na plataforma. Recentemente, o OSF implementou um processo de moderação para pré-prints, que inclui uma revisão preliminar para garantir que o conteúdo seja adequado para publicação e que os metadados estejam alinhados com o texto enviado. Esse processo de moderação não leva mais do que dois ou três dias, em média. A moderação não impede que o arquivo seja atualizado por uma versão mais recente, o que fica registrado no sistema com controle de versões, já que a versão anterior não é excluída, mas mantida no histórico.
Aliás, depois que o manuscrito for publicado em uma revista, é desejável atualizar o arquivo no repositório com o conteúdo final após as correções, podendo inclusive informar o endereço do link da publicação na revista. Ou seja, o pré-print pode espelhar o conteúdo da publicação. O que não podemos é enviar o arquivo formatado pela revista.
Para mim, adotar pré-prints não apenas democratizou o acesso ao conhecimento científico, mas também fortaleceu a transparência na pesquisa. E você? Já explorou o uso de pré-prints na sua trajetória acadêmica? Se não, o que te impede?
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